Stock Car -

Uma categoria de sucesso

Renato Bellote Gomes / Marcelo Eduardo Braga

As corridas de automóveis sempre atraíram as pessoas no mundo todo, sendo uma pista de teste para as marcas, que desenvolveram projetos e motores ao longo dos anos. No Brasil, existia a famosa divisão 3, que reunia Dodge, Opala e Maverick em acirrados "pegas" nos finais de semana.

A idéia de uma categoria monomarca, que colocasse os carros no mesmo patamar, foi crescendo ao longo da década de 70 e culminou com a criação da Stock Car em 1979. O carro escolhido para a disputa foi o Opala, com seu famoso motor 4,1 litros, de 270 cavalos, que reinou soberano nas pistas por 14 anos e revelou grandes pilotos do automobilismo nacional, dentre eles Ingo Hoffmann, maior campeão da categoria com 12 títulos, entre outros, que escreveram sua história nas pistas brasileiras.

Em 1993, a categoria aposentou o Opala e passou a utilizar o Omega, recém-lançado no país, que utilizava a mesma motorização, mas com um aumento considerável de potência, passando a contar com 340 cavalos.

Durante 7 anos o modelo brilhou nas pistas sofrendo várias críticas pela utilização do confiável mas arcaico propulsor de 4,1 litros, que contava com 32 anos de mercado na época. O chassi utilizado pela GM era o mesmo do Omega de rua, com monobloco adaptado.

O ano de 2000 marcou uma verdadeira revolução na categoria. A GM apostou na mudança para o Vectra e acertou em cheio, com a popularização das provas em todo o país. O novo carro trazia no início, o mesmo propulsor, mas inovava com o chassi tubular próprio e carenagem de fibra de vidro, que davam mais segurança aos pilotos. Um ano mais tarde foi adotado o inédito motor 350 V8, com carburador quadrijet e 450 cavalos de potência, fazendo com que a categoria mudasse de nome, passando a se chamar V8 Stock Car.

O motor V8 trouxe marcas respeitáveis aos bólidos, com a máxima de 270 km/h no final da reta, criando a necessidade, inclusive, de reforma em alguns autódromos, para garantir a segurança. A estabilidade foi garantida por rodas de aro 18, que, além do irresistível apelo estético, deixavam o carro grudado no chão. Essas mudanças fizeram com que as corridas se tornassem mais disputadas, atraindo mais de 10 mil pessoas em cada prova realizada.

Após 4 anos de disputas, uma nova mudança balançou novamente a categoria. Agora era a vez do Vectra sair de cena, deixando o espaço para o Astra, contando com a mesma estrutura de seu antecessor. A categoria principal conta com motores V8 de 450 cavalos, enquanto que a Light, com propulsores de 350 cavalos.

A Stock Car comemorou 25 anos em 2004 com muita festa. A idéia de uma categoria monomarca fez tanto sucesso que hoje em dia é uma das mais disputadas do país, com tecnologia, segurança e acima de tudo o profissionalismo de pilotos que fazem de cada prova um show à parte.

Campeões

Ingo Hoffmann (SP) 12 vezes: 80 / 85 / 89 / 90 / 91 / 92 / 93 / 94 / 96 / 97 / 98 / 02
Cacá Bueno (RJ) 5 vezes: 06 / 07 / 09 / 11 / 12
Paulo Gomes (SP) 4 vezes: 79 / 83 / 84 / 95
Ângelo Giombelli (PR) 3 vezes: 91 / 92 / 93
Chico Serra (SP) 3 vezes: 99 / 00 / 01
Giuliano Losacco (SP) 2 vezes: 04 / 05
Felipe Fraga (PA) 1 vez: 16
Marcos Gomes (SP) 1 vez: 15
Ricardo Maurício (SP) 1 vez: 08
David Muffato (PR) 1 vez: 03
Fábio Sotto Mayor (SP) 1 vez: 88
Zeca Giaffone (SP) 1 vez: 87
Marcos Garcia (GO) 1 vez: 86
Alencar Jr. (GO) 1 vez: 82
Affonso Giaffone (SP) 1 vez: 81

Do sonho à realidade

A entrada da quarta marca é a concretização de um sonho antigo. O projeto de reestruturação do campeonato lançado em 2001 previa a transformação da categoria em multimarcas em 2007. Até o ano passado, 3 montadoras participavam da categoria: Chevrolet, Mitsubishi e Volkswagen. Em 2007, a Peugeot se juntou às outras e faz a Vicar Promoções, empresa que organiza a competição, alcançar o objetivo.

O primeiro passo em busca do sonho ocorre em 2005, ano em que, ao lado do modelo Astra, da Chevrolet, corre o Lancer, da Mitsubishi. No ano seguinte, a Volkswagen passa a disputar a categoria com o Bora. Em 2007, a Peugeot se torna a quarta marca a participar do campeonato. O modelo escolhido foi o sedan 307, modelo do concorrido segmento de sedans médios.

Além de entretenimento para milhões de pessoas, a Copa Nextel Stock Car gera outros tipos de benefícios por onde passa. Como por exemplo, a geração de 2650 empregos diretos e indiretos e mais de 5 mil empregos temporários todos os anos. Além disso, a categoria também incentiva o turismo de negócios e movimenta as economias das cidades por onde passa. As 90 empresas que associam sua marca ao esporte, patrocinando pilotos e equipes ganham exposição nas regiões das etapas.

O retorno médio de mídia espontânea é de aproximadamente R$ 175 milhões. Porém, o maior retorno para as empresas que investem na competição é a oportunidade de relacionamento corporativo. Em Interlagos, por exemplo, cerca de 10 mil clientes, parceiros e convidados vips freqüentam os camarotes e centros de relacionamento das empresas. Todos os hopitalities centres e camarotes forma vendidos antes mesmo do fim do campeonato do ano passado.

Cada equipe investe cerca de R$ 2,5 milhões por ano. Os pilotos chegam a correr a mais de 270 km/h em um cockpit que pode alcançar temperaturas superiores a 60ºC. Para atenuar o calor, muitos deles recorrem a um colete especial onde um líquido refrigerador diminui a temperatura do corpo. Como o motor, mecânica, pneus e combustível dos carros são idênticos, a competitividade da categoria aumenta.

Marcelo Eduardo Braga

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