Histórias & Estórias-

Bons pegas e terríveis acidentes

Em 1992, quando o campeonato paranaense de marcas estava em um de seus melhores momentos, em uma das etapas conjugadas com o campeonato metropolitano em Curitiba, houve um dos piores acidentes que presenciei em quinze anos de automobilismo.

Na época eu corria na equipe Weiss, do meu amigo Valmor Weiss. Corríamos em um Voyage novo e muito bem acertado, diante de nossas possibilidades, eramos uma Stewart no meio de Ferraris e Mc Larens. Naquela etapa classifiquei o carro em quinto, bom visto que à frente estavam ninguem nenos que Gastão Weigerth e Chico Maia, Ricardo Zonta (ele mesmo) e seu pai Joanir, defendendo a equipe do preparador bicampeão brasileiro de marcas Ereneu Boettger, Luiz Bley e Tazzio Borghezzi, a cargo de preparação do não menos competente Alberto Genzalez e Flavio Trindade e José Sanches, o Pepito, com um megachevette preparado por ninguém menos que o Meinha, e nós, com nosso feijão com arroz preparados por dois mecânicos que trabalhavam na trasportadora do Valmor. Para colocar o carro em quinto, não muito longe destas feras, era necessário tirar leite de pedras na boléia.

Na minha bateria, a primeira, o Chico Maia vinha um pouco a frente de quatro carros, eu o Zonta o Bley e o Pepito, do segundo ao quinto as trocas de posições eram constantes. Constantes que eu digo, era no mínimo umas quatro por volta. Mais ou menos no meio da corrida consegui chegar ao segundo lugar com o Zonta logo atrás seguido do Bley e o Pepito. Logo que consegui fazer o S do final da reta e olhei no retrovisor vi apenas o Zonta atrás de mim, logo pensei em um acidente entre o Pepito e o Bley, mas como todo instinto de piloto o pé direito falou mais forte. Quando chegamos a curva do pinherinho vi as bandeiras vermelhas sendo agitadas. Tirei o braço pra fora e lentamente todos os carros foram até o grid onde tivemos a certeza do acidente deles. A coisa foi feia mesmo, difícil, se não fosse a cor, era reconhecer qual carro era o chevette e qual era o gol . Graças a Deus nada de mais grave com os pilotos. O Bley teve um derrame no globo ocular , sem que afetasse a visão ou tivesse uma gravidade menor , mas ficou mais feio que um vampiro durante algumas semanas. O Pepito ficou com dores nas costas que inclusive o tiraram da próxima etapa daquele ano. Mas também sem maiores danos fisicos. O fato que eu julgo mais engraçado, se é que se pode ver alguma graça naquele dia, era o Pepito narrando o acidente. Me contaram e portanto não posso afirmar que sua declarações foram exatamente essas: " Vinha disputando a posição com eles quando o Bley me passou na entrada da reta. No final da reta tentei passa-lo novamente na freada mas nos tocamos indo os dois para a parte interna da pista. No momento em que pegamos a terra senti que o carro deu um baque e começou a capotar. Fechei os olhos e senti bater. Abri os olhos e vi o céu. Pensei: vai ser feio! Fechei novamente os olhos e senti novamente bater, quando os abri novamente vi o asfalto como se estivesse voando. Pensei: hospital na certa! Fechei-os novamente e só abri quando finalmente parou. Fui até o Bley que estava ainda groge no carro e pedi se ele estava bem, ele me disse que sim, então disse: então desce daí, não chega a palhaçada que nós fizemos e você ainda fica dormindo como se estivesse machucado!"

Histórias e Estórias do Automobilismo Paranaense.

Depois conto mais.

Aloysio Ludwig Neto

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