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Público? Que público?

No Campeonato Paranaense de Automobilismo dos últimos tempos e especialmente no autódromo de Curitiba, invariavelmente temos vistos uma meia dúzia de gatos pingados. Por quê? Sempre foi assim?

Não. Embora não tão experiente quanto alguns colegas, como o Gastão Weigert, João Finardi entre outros, posso dizer que peguei um pouco da fase, digamos assim, mais romântica do automobilismo paranaense. Foi quando comecei a correr de automóvel, nos idos de 1986. Na época só dispunhamos do autódromo de Cascavel e as categorias eram basicamente Hot Car classe A (fuscas, passats, etc) , Hot Car classe C (Mavericks, Opalas) e a Hot Dodge , esta última a minha, feita com carros de aproximados 250 HPs carinhosamente calçados com pneus radiais 195/70/14 e com amortecedores e freios originais. Uma m....! (desculpem-me mas era mesmo). Pra se ter uma idéia, as largadas eram na sua grande maioria feitas em segunda marcha, a única maneira de sair andando sem ficar patinando.

Bom, falávamos do público. Tinhamos torcida organizada , e a exelente média de 5.000 pagantes por etapa, faça chuva ou sol. Achou pouco? Refiro-me a uma cidade do interior do Paraná com, na época, não mais de 250.000 habitantes e que até hoje tem as etapas com maior público do calendário, embora também mais reduzido que em outras épocas. Alguns fazem brincadeiras comigo até hoje, pois vim de lá dizendo que Cascavel não tinha mais nada para se fazer, que nem time de futebol tinha (também, para ser como os de Curitiba...). Mas a verdade é que bem ou mal, a cultura de Cascavel é proporcionalmente bem mais apurada quando o assunto é automobilismo. Quando tiver a oportunidade veja os jornais locais de domingo em dia de corrida: dão um destaque ao assunto de deixar qualquer curitibano ou londrinense de queixo literalmente caido. Quer mais da época? Havia prêmio de largada e de chegada. Ter carteira de piloto era bem mais barato e as inscrições muitas vezes eram gratuitas. Na ponta do lápis, gastava-se qualquer coisa em torno de 20% do que se gasta hoje, e os patrocínios existiam.

Na minha opinião, o automobilismo como quase tudo se desenvolveu, e isto é um fato. Mas existem coisas que poderiam ter se desenvolvido junto, e muitas vezes os organizadores estão se esquecendo do principal: o espetáculo! Propositadamente tenho ido à corridas aqui em Curitiba como mero espectador, pago meu ingresso e vou para o fim da reta ver meus parceiros, e olha, as vezes é muito chato. Não existe sistema de som e quase sempre em uma corrida de 20 minutos tem o carro madrinha na pista. Tudo bem, segurança é fundamental, mas será que se aumentássemos um pouco mais as baterias já não ajudaria um pouco o espetáculo? E essa história de corridas as 9 horas da manhã de Domingo, será que algum curitibano se aventura acordar a esta hora para ver o Aloysio, o Gastão, o Moraz ou o Trindade? E se não tem público e mídia, tem patrocinio? Na minha opinião, são conceitos que precisariam ser revistos.

A licença anual de piloto custa aproximadamente R$ 350,00. Fazendo um cálculo tendo como base 500 pilotos por ano no Paraná (acho que deve ser mais), resultaria um montante em torno de R$ 175.000,00 por ano para custo da federação, visto que os custos das provas são pagos pelos clubes (mais uns R$ 250,00 por inscrição / piloto). Não dá a impressão de que tem alguma coisa errada nisto tudo? Qualquer pessoa que faça um mínimo de contas vai ficar com a mesma curiosidade que eu: onde a FPA e a CBA aplicam estes recursos? Vocês já viram a qualidade dos troféus nos finais das corridas? É deprimente!

Depois desta, até a próxima.

Aloysio Ludwig Neto

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