De
volta ao passado
No
começo de 2004, depois de ter vencido juntamente com Flavio Poersch
a Cascavel de Ouro, em novembro de 2003, senti em mim que o velho
Aloysio, piloto aposentado, tinha ainda um pouco de gás para queimar.
Então, diante da incerteza do que faria em 2004, decidi fazer
algo que dependeria mais de de mim, sem eventuais convites de
equipes, e contando apenas com o que tinha como certo. Comprei
um kart 135 para participar do campeonato metropolitano da categoria
e assim me manter em forma, mesmo com treinos esporádicos, não
deixando assim crescer demais a barriga (se não vou ficar como
o Ruy Chemin) e pronto para algum novo desafio.
Corri
de kart a muitos anos atrás (1983, 1984 e 1985) , inclusive tendo
alguns títulos e vitórias nesta categoria . Sempre tive comigo
que de kart era um piloto razoável, mas acredito que de carros
eu, piloto, era um pouco melhor, com resultados mais expressivos.
Mas o que sempre considerei mesmo é que kart é muito mais técnico
no sentido pilotagem, exige um preparo físico muito grande e por
isto, sabia que meu retorno não seria nada fácil, até porque não
tenho mais 16 anos, como na primeira vez.
Para
montar a equipe coloquei em pratica o que aprendi em 20 anos de
automobilismo. Sabendo que o barato sai caro, comprei um kart
semi novo do multicampeão da categoria e piloto que ninguém quer
ter como concorrente, Manuel Queiroz, com quem inclusive acabei
tendo toda acessoria de como fazer para dispor do melhor equipamento.
O próprio Manuel me levou ao conceituado preparador Neri Censi,
igualmente muitas vezes campeão. O Neri me fez um ótimo motor,
e durável também, que somado ao chassi que adquiri do Manuel acabei
tendo um conjunto que, definitivamente, só precisaria de um bom
acerto e de um bom piloto para ser rápido.
O
Neri comprometeu-se a me assessorar por alguns treinos até que
conseguisse me encontrar no conjunto . Assim sendo, no final
de março deste ano, 19 anos depois de minha ultima experiência
no kart, lá estava eu no kartódromo Receland para
um dia de testes. Sentei no brinquedo e logo que sai dos boxes
em poucos segundos pude verificar que o brinquedo era mesmo de
gente grande. As reações são muito rápidas, em muito nos lembra
o visual que vimos pela televisão nas câmeras on board dos F-1
. Só que neste caso não temos direção hidráulica, amortecedores,
controle de tração, etc. Era realmente muito forte!
Foram necessárias
umas 20 voltas para que conseguisse me familiarizar ao equipamento,
sempre seguindo as instruções do Neri, que insistia em me pedir
que não me preocupasse com o tempo, somente em treinar. Só que
sempre tive o defeito de precisar estar antenado no meu rendimento
segundo o cronômetro, sob pena de me desconcentrar. Na medida
que ia dando mais voltas, ao mesmo tempo que curtia cada vez mais,
o corpo ia se queixando: bolhas nas mãos, fortes dores nas costelas
e muita, mas muita dor muscular. A muito custo o Neri no começo
do treino havia me dito que uma boa volta para um primeiro contato
seria próximo a 52 segundos. Logo cheguei próximo a isto e disse
a ele que se virasse perto de 51 segundos iria embora, pois estaria
satisfeito para aquele primeiro contato.
Acreditávamos
que pelas condições da pista, uma volta em 50 segundos seria competitiva
para o campeonato. Afina-se daqui, recalibra-se os pneus dali
e de repente 50 segundos e 80 centésimos. Ótimo! Vibrei,
curti, até porque havia um concorrente, participante do campeonato
de forma competitiva, que no mesmo momento estava um pouco acima
daquele tempo. Obviamente eu não tinha a regularidade por não
estar em forma. Mas já consegui acreditar mais. Voltei a pista,
mas o corpo não agüentava mais nada, 50 voltas para minhas condições
físicas eram muito para mim naquele momento. Restou voltar para
casa, quase de "maca" e agüentando a gozação do Neri,
que me sugeriu que eu treinasse pelo menos uma vez por semana.
Eu disse a ele que até era possível, mas que durante o próximo
mês eu deveria ficar de repouso, para me recuperar. Só para ilustrar,
a média de uma volta daquelas não fica por menos de 90 km/h, com
finais acima de 130 km/h. Para um kart é muito!!!
Na
segunda-feira acabei no hospital, concluindo que meu retorno ao
kart me deixou uma luxação nas costelas e uma recomendação de
ficar de molho por no mínimo 30 dias. Mas valeu! Um tempo depois
acabei participando das 4ª e 5ª etapas do Metropolitano,
que teve como saldo uma melhor volta (na chuva), uma capotada,
que levou a enterrar o chassi que comprei do Manuel, além
de algumas voltas na liderança na 5ª etapa e um 5º lugar
final, quando não parei por cansaço por vergonha. Desanimado?
Que nada, só quero treinar e me preparar melhor. Na medida que
meus compromissos profissionais e recursos permitirem, lá estarei.
Um
abraço em todos e até a próxima!
Aloysio
Ludwig Neto
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