Histórias & Estórias-

Chicão, a saudade será eterna!

Olá amigos!

Diferentemente de todas as vezes em que escrevi nesta coluna, meu assunto hoje é triste, mas ao mesmo tempo um fato natural da vida. No dia 15 de maio de 2006, uma segunda feira, por volta das 17:00 hs meu amigo e compadre Ruy Chemin me ligou, como faz sempre, quase todo dia.
- Oi!
- Daí Aloysio, tá sabendo?
- Do quê?
- O Chicão passou mal, teve um derrame cerebral e está internado no hospital São Lucas.
- É muito grave?
- Ainda não temos certeza, mas parece expirar cuidados!
- Compreendo. Mantenha-me informado.

Embora receoso, eu tinha uma grande expectativa de que o Chicão sairia dessa. Mas as horas e os outros dias passaram e as noticias foram piorando cada vez mais. Meus amigos e contatos em Cascavel gradativamente foram interando-se e posicionando-me de que, a qualquer momento, eu corria o risco de ir a Cascavel pelo pior motivo possível. Eram 15:00 hs do dia 18, quinta-feira, quando o meu celular tocou e um velho amigão, Wilson Godoy, me disse:
- Fala Godoy!
- Aloysio, venha! Perdemos nosso Chicão.

Aquele momento foi sem duvida um dos piores que já vivi em minha vida. Estava sozinho em casa. Sentei-me e não cosegui chorar. Foi como se passasse um filme, onde voltei ao final de 1985. Naquele ano, depois de ter perdido o Campeonato Paranaense de Kart para o hoje prefeito de Curitiba, Beto Richa, comprei o Hot Dodge campeão da categoria, do André Sanderson. Mas não tinha preparador e nem pensei nisso quando meu pai assinou o cheque. Moleque que era, com 18 anos, simplesmente levei o carro para minha casa. Um dia, na farra, fui dar uns "paus" pelas ruas de Cascavel (imaginem). Depois de algumas fritadas de pneus (e como fritava) a banheira apagou! Não consegui mais funcioná-lo! Quem poderia me ajudar? Nem lembro quem foi que passava na rua e disse: "Tem o cara que prepara pro Damian. Se chama Chicão. Ele entende tudo de Dodge!". Liguei pro Chicão que prontamente me atendeu. Sem cerimônias, sugeriu levar o carro pra sua oficina, o que de pronto aceitei. Naquele momento eu mal sabia o amigo que ganhei. Em vinte anos de amizade, que nunca vai acabar, rimos, choramos, amadurecemos muito, mas muito mesmo! Daria um livro que quero escrever.

Em 1987 fizemos juntos 7 corridas na Hot Dodge. Foram 7 vitórias (minha primeira Cascavel de Ouro inclusa) e 5 poles. O mais bonito da historia é que a maioria delas em cima do Ruy Chemin, que com o tempo se tornou um de nossos melhores amigos. Em diversas outras oportunidades tive o prazer de tê-lo por perto, ou como preparador, como colaborador, ou ainda somente como meu amigo, o que era ainda mais valioso. Conhecia a mim melhor do que ninguém. Tinha o dom de conhecer a alma das pessoas e tratava a todos como gente. Pra mim, era meu psicólogo, meu preparador, minha pessoa de confiança extrema, meu amigão para todos, todos os momentos. Esteve comigo na minha maior alegria no automobilismo, a Cascavel de Ouro de 2003. Naquela corrida, juntamente com o Chemin e o Flávio Poersch, foi um grande incentivador de meu retorno (confesso que foi ele quem me convenceu de última hora a ir a Cascavel, voltar a correr) e acreditou muito em meu trabalho. Passamos também momentos muito difíceis, de um lado, de outro e dos dois juntos. Mas os momentos difíceis eu quero esquecer! Sempre foi uma pessoa que eu podia contar. Para tudo! Estava pronto para ajudar quem ele queria bem. Infelizmente acho que não consegui retribuir na mesma proporção, mas dificilmente, embora hoje morássemos a 500 km de distância, passávamos uma semana sem nos falarmos, ou sobre corridas, ou sobre a família, amigos, ou, principalmente, para cornetiar ("tirar um sarro") algum amigo, o esporte preferido da turma.

Raramente choro, mas muito raramente! O Chemin então, é uma pedra. Mas no velório dele, choramos como criança. Confesso a vocês, continuo chorando muito quase sempre que lembro dele. Tenho um CD da Enya em meu carro que não tirei mais e que gosto de escutar para lembrar dele. O celular dele ainda esta gravado em meu telefone e por enquanto não vou deletá-lo, não consigo fazer isto! Acho que vou levar um tempo para me acostumar a viver sem ele.

O tempo cura tudo e no final as lembranças que ficarão é que tivemos uma linda flor no jardim da vida e que como sempre acontece, o Criador muitas vezes precisa destas flores para melhor decorar o céu! Para nós, os amigos mais próximos, e acho que falo em nome de todos, estamos sofrendo muito a sua falta. Todos os dias nos deparamos com uma situação em que lembramos dele. Mas, vai passar... A maravilhosa família dele não vai passar nenhuma necessidade se cada um de nós, amigos dele, fizermos um pouquinho por ela! É o que ele faria por nós!

Deus te abençoe Chicão e nunca esqueça que sempre te amaremos!!!

Até a próxima, com um motivo mais feliz, com certeza.

Aloysio Ludwig Neto

Histórias & Estórias

Fórum

Página inicial