Histórias & Estórias-

Meu primeiro ano no automobilismo

Tudo bem amigos?

Hoje quero relatar a vocês como me lembro de meu primeiro ano no automobilismo, em 1983 (tô ficando velho). Espero que gostem ou que, de alguma forma, este texto contribua para a historia do automobilismo paranaense. Antes de começar a escrever o que acontecia na pista, não tenho outra alternativa senão voltar alguns anos antes. Vamos nos localizar, em 1983 eu faria 16 anos (sim este ano farei 45 anos em um corpinho de 44).

Logo que fui morar em Cascavel nos anos primários de colégio conheci 2 amigos que viriam a me influenciar muito a minha paixão por automobilismo. O primeiro deles era um garoto muito levado , bagunceiro demais, mas sempre de bom humor. Ele era frequentemente colocado de castigo pela professora, junto com um outro colega, loiro, branco como a Lua Cheia, que usava óculos fundo de garrafa, que somados ao conjunto toda resultava em um cara muito feio. O nome do primeiro amigo era Miguel Beux e do segundo Ruy Chemin.

Quando minha amizade com o Miguel começou a se fortalecer e eu frequentava a casa dele, ele com orgulho me mostrava fotos do seu pai, Zilmar Beux, todo orgulhoso me contando que o pai dele era o principal motivador e construtor do autódromo de Cascavel. Fotos, troféus e uma paixão incrível por ... Avalones!!! Tínhamos 10 ou 11 anos. Já dava para ver a determinação do hoje presidente do Automóvel Clube de Cascavel e principal figura na reforma do autódromo daquela cidade. Hoje, finalmente Cascavel vai assumir o lugar que ela merece no automobilismo, aquilo que para mim na ocasião era de pouca relevância. Mal sabia eu o que me esperava.

Naquela época eu adorava aviação e meu sonho, juntamente com outro grande amigo até hoje, Paulo Gotllieb, era ser piloto de caça, da FAB. Não me lembro bem, mas em um dado momento, uns 4 ou 5 anos depois, o Miguel realizaria seu sonho de estrear em uma corrida de karts em Medianeira e eu como melhor amigo, lá fui com meu pai, assiti-lo. Quando isto aconteceu eu já era afilhado de crisma de Zilmar e Olinda Beux, pessoas quem aprendi admirar e amar para sempre e da mesma forma ser amado como um filho. Quando vi o Miguel acelerar aquela maquina barulhenta que parecia que ia bater a cada 10 metros, falei pra mim mesmo "eu nunca vou sentar numa porcaria destas". Não me lembro o final da corrida, mas o Miguel seguramente não foi bem.

Dias depois, em uma reunião de final de tarde na Retificadora Beux em Cascavel, o Carlos Beux, primo do Miguel, disse que queria se desfazer de seu kart, um mini SS ano 1978 com platinado ainda (afff...) que nunca conseguia dar uma volta completa. Ele disse que queria uma vender para comprar uma espingarda calibre 22 para caçar. Eu tinha uma foblé.22 que ganhei de meu pai e sem pensar (nenhum garoto de 15 anos tem esta virtude) propus que trocassemos , ele aceitou e eu fiquei dono de uma maquina maravilhosa, vermelha , meu primeiro kart que nunca esquecerei, embora os motivos para isto não tenhom sido lá tão bons.

Não me lembro como, mas aproximadamente um mês depois, estava eu em Foz de Iguaçu. Macacão de frentista com mangas alongadas, tênis All Star cano alto e capacete CBP (moda), que somados ao Mini SS, que apelidamos de Silvio Santos, parecíamos um conjunto pronto para correr, pelo menos até sair ou tentar sair dos boxes.

Nos treinos, como era de se esperar, eu estava sempre em último, quando conseguia ficar na pista, bem longe do penúltimo. Eu tomava de 5 a 6 segundos do penultimo. Dada a largada, a qual não larguei porque o "Silvio Santos" não pegou, antes mesmo de completar a primeira volta eu já tinha tomado 5 segundos. Motor ruim? Não. O kart não pegava e meu pai (ainda com 40 anos) heroicamente conseguia me empurrar durante uma volta. Trágico!!! E comigo! Queria que não fosse comigo, mas era.

"Chega !!!!!", gritou meu pai me ando dedo em riste. "Se você quer brincar de ser piloto, vamos comprar uma porcaria melhor que esta".

A sequência da historia daria um grande livro e bem engraçado. Para não me alongar muito, registro aqui que trocamos o "Silvio Santos" inicialmente por um Mini SS2 (kart 18 das fotos) que já andava e me deu o primeiro pódio de minha vida.

O campeonato daquele ano já tinha lá os seus "cobras" como José Leônidas Chemin (tio do Ruy) , Ângelo Giombelli , Marcelo Borbin, Arlindo Cavalca (onde anda amigo?) e claro, Ruy Chemin, Miguel Beux entre outros. Era um nível bom, pois a região tinha vocação ao automobilismo por conta do autódromo de Cascavel, e isto jogava muita gente no kart também. Tínhamos categorias A e B e a soma dos grids entre 15 a 25 karts, com estreantes como eu até campeões, como Chemin "tio" e Gionbelli. Eram umas 10 etapas no ano mais 3 ou 4 festivas, corridas em Foz do Iguaçu e Medianeira.

Cascavel não tinha kartódromo e os treinos fazíamos em um bairro isolado, na rua mesmo. Foi lá que minha irmã Cynthia me fez um favor de bater meu Mini SS2. "Arregaçou" o chassi, e lá foi meu pai comprar outro, melhor ainda, um Mini Star. Este era bom e me lebro que fui para a 7ª etapa do ano já virando bem rápido para um estreante. Na tomada de tempo marquei minha primeira pole na catagoria B e 2º na geral (corríamos A e B juntos) em Foz do Iguaçu, acho que em setembro ... Alegria demais . A corrida lembro que liderei mas me desconcentrei e rodei, jogando fora a possibilidade da primeira vitoria no regional. Ainda naquele ano as 3 últimas etapas consegui finalizar em 3º, o que estava bom . Tinha comigo que logo venceria, pois a cabeça estava muito boa.

Nunca vou esquecer que no final de 1983 fui correr o meu primeiro Campeonato Paranaense de Kart , em Francisco Beltrão. Lembro que meu pai me disse: "Aloysio, nós vamos, mas é um nível muito alto e provavelmente só faremos número". Eu disse que tudo bem, que queria participar.

Nos treinos fizemos nosso trabalho sem nos preocupar com o que os outros estava virando. Não tinha cronometragem oficial e nem procurávamos saber onde estávamos. Fomos para tomada de tempos. Tinha uns 26 karts, se não me engano. Ao final da tomada, lá estava eu... em 3º!!! O quê??? Perguntei a meu pai. "3º!!!", exclamou ele. Perguntei sobre o Beux, o Chemin e o Cavalca, da mesma categoria, mais experientes (mas não muito) que estavam no mesmo grid e bem melhores classificados que eu em nosso campeonato regional. Lembro que o pai me disse: "O Cavalca (campeão regional) ficou em 9º e o resto pra trás". Só me lembro que fiquei muito feliz . Para mim o ano poderia acabar naquela tomada de tempos.

Para a corrida fui com uma cabeça muito boa e no final da 3 baterias estava Jorge Baú campeão, Cesar Hervello em 2º e eu , sem me meter me briga , me conformei finalizando meu ano de estréia em 3º lugar no Paranaense catagoria B. Acho que daria pra ser melhor mas me contentei com o 3º (estava mais maduro e sem ansiedade).

Só para registrar, na categoria A vi uma briga grande ente José Córdova e um tal Pezzente, que era da cidade e não conseguiu ganhar o tíitulo. Melhor para a um chamado Marcos Ramos, que foi o campeão paranaense de Kart A de 1983.

Para mim, naquela época eu fechei o ano muito feliz, na certeza que minha história de piloto teria ainda um caminho maior a ser escrito e foi. Não brilhante, mas interessante como pretendo contar mais partes dele para vocês aqui, em nosso site.

Não posso finalizar este sem um agradecimento a Dirceu Bertaiolli, meu primo de criação que foi meu mecânico querido neste primeiro ano de minha história. Ele, com puro coração, dedicou por amor este período inteiro. Em 1984 ele partiu para outro caminho e não mais pode estar comigo, mas sei que no decorrer de minha história, foi mente positiva em meus melhores e piores momentos. Um beijo, amigo que ainda está nesta vida!

Abraços,

Aloysio Ludwig Neto

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