"Patinho
Feio" faz parte da história dos 1000 km de Brasília
Milton
Alves e José Eduardo Martins
Local da Comunicação
Foto: Vanderley Soares |
O
ex-piloto de Fórmula 1, Alex Dias Ribeiro, conhecido nacionalmente
por comandar o grupo evangélico Atletas de Cristo, foi um
dos construtores do Patinho Feio.
|
Disputada
desde 1962 nas ruas de Brasília quando a Capital Federal ainda
tinha poucos moradores, os 1000 Km de Brasília fazem parte da
história do automobilismo nacional. Chico Landi, Luiz Pereira
Bueno, José Carlos Pace, Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Toninho
da Matta, Xandy Negrão, Wilsinho Fittipaldi, Piero Gancia são
alguns dos nomes que participaram os 1000 Km de Brasília. Paulão
Gomes, com 4 títulos (74, 76,80 e 81) é o maior vencedor dos 1000
Km de Brasília.
Para participar
da edição de 1967, o ex-piloto Alex Dias Ribeiro
(conhecido nacionalmente por comandar o grupo evangélico Atletas
de Cristo) junto com Helládio Toledo Monteiro Filho, José Álvaro
Vassalo, o Zeca, e João Luiz da Fonseca construiram um protótipo
que seria apelidado mais tarde de Patinho Feio. "A máquina
ficou pronta no dia da corrida. Era vermelha como uma Ferrari
e terrivelmente feia. Os quatro faróis de milha parafusados do
lado de fora dos pára-lamas dianteiros davam-lhe um ar de um gigantesco
gafanhoto de quatro olhos. A enorme tomada de ar frontal parecia
a boca do bicho-papão. Os pára-lamas traseiros, em forma de asas
de abelha, completavam o quadro. Algumas pessoas disseram que
era o protótipo de um formigão mecânico, daqueles de filme de
ficção científica". Essa assustadora descrição do carro o
levou, inicialmente, a ser apelidado pelo público de "Objeto
Não Identificado", mas o que ficou marcado e entrou para
a história foi Patinho Feio. Nada mais natural, pois o carro foi
construído num barracão de madeira no fundo do quintal de dona
Lourdes, mãe de Zeca e amiga dos garotos, e o material utilizado
foi o que restou de um fusca acidentado que pertencia ao pai de
Alex Dias Ribeiro. Depois que o seguro deu perda total, Alex recebeu
a autorização do bondoso médico Isaac Barreto Ribeiro para usar
a carcaça e o motor, que tinham sobrado praticamente intactos.
"Quando aparecemos com o carro na pista, o público quase morreu
de rir e a coisa ganhou vários apelidos. Mas para nós era o carro
mais lindo do mundo!", disse Alex Dias Ribeiro.
Para
se ter uma idéia da importância do Patinho Feio na história do
automobilismo brasileiro, o tricampeão mundial de Fórmula-1 Nelson
Piquet foi um dos mecânicos do carro, trabalhou na oficina mecânica
que pertencia aos quatro construtores e que ganhou fama com o
sucesso do Patinho Feio, 2º colocado nos então 500 Km de Brasília
de 1967. Depois, em 1972, antes de iniciar carreira internacional,
Piquet teve a oportunidade de pilotar o Patinho Feio. Em 1967,
Emerson Fittipaldi, que alguns anos mais tarde seria bicampeão
mundial de Fórmula 1, também se assustou com a aparência do carro.
"Quando o Emerson viu o Patinho Feio, tentou nos convencer
a não largar e disse que nós estaríamos correndo risco de morte.
Nem nós mesmos esperávamos um resultado tão bom quanto o 2º lugar.
E olhe que a vitória escapou no final, pois quando faltavam 3
voltas para receber a bandeirada tivemos de parar no box",
revela João Luiz da Fonseca.
Hoje,
o Patinho Feio deixou de ser considerado uma aberração e ganhou
status de relíquia, como demonstra o privilégio de ser o Carro
Madrinha dos 1000 Km de Brasília. Orgulho para João Luiz da Fonseca
que junto com Alex Dias Ribeiro foram os responsáveis pela restauração
de parte da história do automobilismo brasileiro. "O carro,
ou o que restou dele ficou jogado no quintal da chácara do Nelson
Piquet durante uns 20 anos servindo como suporte para vasos de
planta. Não foi difícil recuperá-lo, pois foi construído com tubos
galvanizados, desses que se usa como conduíte, e a lataria é a
de um carro de rua. Não tem nada de fibra de vidro não!",
diz Fonseca.
|