Segurança
é indispensável
Luiz
Augusto Pelisson |
Nenhuma
foto, por mais inédita que seja, vale abrir mão
da sua segurança. |
O
automobilismo sempre foi um esporte de risco, mas o nível
de segurança para os pilotos evoluiu muito, principalmente
nos últimos anos, talvez impulsionada
pelo trágico acidente de Ayrton Senna, que marcou a Fórmula
1 e entristeceu torcedores no mundo todo.
Na época
de Emerson Fittipaldi qualquer batida mais forte tinha grandes
chances de ter um final trágico. Hoje, os carros são
projetados de tal maneira que eles praticamente desmancham-se,
dissipando toda a energia e tendo o cock pit como uma célula
de sobrevivência. A cada dia melhora-se a segurança
do piloto. Basta comparar o acidente de Luciano Burti em Spa-Francorchamps
no GP da Bélgica de 2001 com o acidente de Rubens Barrichello
no GP da Hungria de 2003. Esprimido por Irvine, Burti sai da pista
em grande velocidade e bate de frente na barreira de pneus que
desaba sobre o seu carro.
Burti acabou machucando-se, mas sem maior gravidade. Com os carros
da época de Emerson Fittipaldi esse acidente poderia ser
fatal. Já no acidente de Rubens Barrichello, a roda traseira
esquerda de sua Ferrari se solta completamente levando inclusive
o semi-eixo. Rubinho passa reto, com velocidade, batendo forte
na barreira de pneus, mas sai ileso.
Muitas
coisas são imprevisíveis e as vezes inevitáveis.
É como o caso do fiscal de pista atingido por um pneu que
se desprendeu na batida entre Villeneuve e Ralf Schumacher no
GP da Austrália de Fórmula 1 de 2001. Outros acidentes,
entretanto, poderiam ser evitados, como no caso do estudante de
jornalismo que fotografava na frente da barreira de pneus durante
a 8ª etapa da Stock Car de 2003 em Campo Grande (MS).
Se a barreira de pneus estava ali era para amortecer o impacto
dos carros em uma área de possível escape, ou seja,
aquele era um ponto crítico. Portanto, fotografar naquele
ponto era alto risco e nenhuma foto, por mais inédita que
seja, vale esse risco.
É
de se arrepiar ao ver provas de rally, onde o público se
aglomera em saídas de curvas ou outros pontos críticos.
Desinformação? Inexperiência? O que leva essa
gente a abrir mão da segurança? Talvez o excesso
de confiança de que nada vai acontecer. Mas basta um erro
do piloto ou uma quebra da suspensão para um acidente grave,
de grandes proporções.
No off-road,
por exemplo, alguns veículos são equipados com guinchos.
Quase todos os jipeiros sabem que o cabo de aço pode arrebentar,
e nesse caso atingir como um chicote quem estiver dos lados, havendo o risco até de mutilação. Mesmo
assim, há quem fique posicionado na frente do jipe na hora
de ajudar a desatolar o veículo.
Os jornalistas
que fazem a cobertura de eventos automobilísticos sabem
que existe um certo risco inerente à própria característica
desse esporte. É um risco maior do que, por exemplo, cobrir
uma partida de tênis ou uma prova de natação.
Entretanto, é preciso minimizar estes riscos, posicionando-se
atrás da barreira de pneus ou do guard-rail e não
na frente destes; antes da curva e não na saída
desta. Os fotógrafos profissionais utilizam lentes objetivas
que os permitem posicionar-se a dezenas de metros da curva e tirar
uma foto como se estivessem ao lado do carro. Quem não
tem disponibilidade desses recursos não deve nunca querer
compensar a deficiência do equipamento abrindo mão
da segurança.
Se todos
- público e jornalistas - tiverem um comportamento preventivo
e priorizarem a segurança vão poder continuar a
fotografar e a sentir bem de perto as emoções do
automobilismo, caso contrário, talvez em um futuro não
muito distante, tenham que se contentar em fotografar atrás
de telas e grades.
Segurança
acima de tudo! Não se pode dar chance ao azar.
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