O
fenômeno chamado Hamilton
Lewis
Hamilton, esse é o nome da fera. Começou a dirigir com 6 anos
de idade. Isso mesmo, aos 6 anos já fazia parte de um clube de
minicarros em sua cidade, Stevenage, sudeste da Inglaterra. Com
8 anos ganhou um kart e a partir dali pegou o vírus do automobilismo.
O problema é que essa "doença" chamada automobilismo
custa caro, sempre custou, e o pai de Lewis era um sujeito simples,
que normalmente não poderia bancar a carreira do filho. Então
ele arrumou um segundo emprego, depois um terceiro, e assim seu
filho pôde começar a mostrar seu enorme talento. Tanto talento
que chamou a atenção de John Button, pai de Jenson, piloto da
Honda que administrava uma empresa de preparação de karts na época.
John passou a patrocinar Lewis com os motores enquanto outros
patrocínios também chegavam.
Aos 10
anos de idade Lewis ganhou seu primeiro título, tornando-se o
mais jovem campeão britânico da classe cadete. Apesar de importante,
esse título foi mais que isso, pois possibilitou o primeiro encontro
do jovem piloto com seu "messias", Ron Dennis, o todo-poderoso
da McLaren, que lhe entregou o troféu de campeão. Impressionado
com a tocada e a simpatia do garoto, Dennis resolveu bancá-lo
e assinaram um contrato de longo prazo.
Lewis
então começou a ganhar títulos em profusão, vários no kart, depois
na F-3 e finalmente na GP2, onde venceu um duelo espetacular com
Nelsinho Piquet para arrebatar o título de 2006. Tudo muito bonito,
muito bacana, mas será que havia chegado a hora de entrar na F-1?
Já vimos muitas histórias assim, ou seja, pilotos que arrebentaram
nas categorias de base, mas chegando na F-1 tudo muda de figura,
a pressão aumenta demais, o carro é completamente diferente de
tudo que o piloto já guiou, a equipe não ajuda e a coisa não vinga.
Mas Dennis
resolveu apostar, mesmo com a maioria da imprensa contra, afinal
Lewis seria companheiro do bicampeão mundial Fernando Alonso,
incontestavelmente o melhor piloto do mundo e o homem que derrotou
Schumacher. Na F-1 você é sempre comparado a seu companheiro de
equipe, pois ele é o único que tem um equipamento igual ao seu.
Não importa se seu carro é bom ou não, se você tem chances de
título ou de ficar no meio do pelotão. Importa mesmo é onde está
seu companheiro de equipe, o quão bom, rápido e consistente ele
é. Quanto melhor for seu companheiro de equipe, mais difícil batê-lo.
E ser comparado a Alonso, contratado a peso de ouro para ser o
líder da equipe, ter um carro feito sob medida para sua tocada,
logo de cara, seria uma fria, diziam todos, aliás, uma gelada,
pois a chance de ser massacrado pelo espanhol parecia iminente.
Eu mesmo, apesar de fã de Hamilton após vê-lo brilhar na GP2 e
louco para vê-lo na F-1, temia pelo seu futuro imediato...
Mas os
temores acabaram rápido, logo na estréia de Hamilton na F-1 em
Melbourne, quando o garoto simplesmente andou no mesmo ritmo de
Alonso. No mesmo ritmo? Não, andou melhor, numa pista que nunca
tinha andado na vida e que Alonso conhece como a palma da mão.
Mas se andou melhor por que chegou atrás de Alonso? Pergunte à
McLaren, que entrou em desespero ao ver que seu líder seria batido
logo de cara pelo novato e mudou a estratégia no meio da corrida
para que a tragédia não se materializasse!
Porém,
contudo, entretanto... uma corrida é só uma corrida. Sorte de
principiante, diziam alguns. Circunstância, diziam outros. Será?
Vamos então para a segunda corrida, Malásia, outra pista que Hamilton
não conhecia. Logo na largada Hamilton ganha duas posições, agüenta
firme durante várias voltas uma forte pressão da Ferrari de Felipe
Massa e novamente chega ao pódio, agora em 2º lugar, atrás
de Alonso.
Terceira
corrida na F-1 da vida de Hamilton e estamos no Bahrain, pista
na qual ele treinou na pré-temporada. A expectativa é grande,
já que o garoto parece muito à vontade nos treinos, inclusive
batendo Alonso na classificação pela primeira vez. Coincidência
ou conhecimento da pista? Vamos ver na corrida. E não dá outra...
após mais uma excelente largada Hamilton faz uma corrida impecável
e chega em 2º a apenas 2 segundos de Felipe Massa. Alonso
completa na 5ª posição, inclusive atrás de uma BMW.
Nessas
alturas, com a F-1 indo para a Europa correr na casa de Alonso,
Hamilton é o centro das atenções. O novato está ali, embolado
na liderança do campeonato com os outrora franco favoritos Alonso
e Räikkönen. O circo em Barcelona está todo armado.
A torcida de Alonso toma de assalto as arquibancadas e o espanhol
parece mais confiante do que nunca. Nos treinos Felipe Massa fica
com a pole com Alonso em 2º. Hamilton fica somente em 4º,
atrás de Räikkönen. Na
largada Alonso tenta uma ultrapassagem forçada em Massa, mas se
dá mal e perde algumas posições. Hamilton se aproveita, ultrapassa
Räikkönen e assume o 2º lugar, que não mais perderá
até o final. Alonso chega em 3º e seu incômodo no pódio é
visível. Lewis
Hamilton é o novo líder do mundial, em sua quarta corrida. Detalhes:
andando sempre muito forte, sem cometer qualquer erro, suportando
pressão e fazendo ultrapassagens.
Chegamos
então em Monte Carlo, pista considerada por muitos como a mais
difícil da F-1. O histórico dele nas outras categorias é simplesmente
perfeito; 3 corridas, 3 vitórias. Nos treinos dá show a ponto
das pessoas pararem para vê-lo pilotar como um alucinado pelas
ruas monagescas. Os comentários eram do tipo "já já vai bater".
E não deu outra, bateu mesmo, mas assumiu o erro sem qualquer
problema. Sábado, e Hamilton parece imbatível nas duas primeiras
partes da classificação. Mas quando chegamos na terceira e decisiva,
na hora de fazer a pole ele encontra um carro mais lento e fica
apenas em 2º. Decepção? Não, pelo contrário, muita surpresa
quando se descobre que ele estava com bem mais combustível no
tanque que Alonso.
A corrida
começa e as McLarens abrem grande frente. Hamilton combóia Alonso
de perto até a primeira parada do espanhol. Aproveitando a maior
quantidade de combustível, aquele era o momento de Hamilton ganhar
a corrida. Mas a McLaren não deixa, muda a "estratégia"
do inglês e manda que ele entre nos pits, mesmo tendo gasolina
para fazer apenas 1 parada na corrida, como confessou Ron Dennis
depois. Dali em diante a ordem foi "mantenham posições"
e assim Hamilton foi usurpado de sua primeira vitória na F-1.
Agora é co-líder
do campeonato juntamente com Alonso. Poderia ser líder isolado
e deveria ser, já que na minha opinião tem sido o melhor até agora.
Os que antes duvidavam da precocidade de Hamilton estar na F-1,
hoje não duvidam que ele pode se tornar campeão mundial em sua
primeira temporada. Nem eu, que apesar de torcer para o brasileiro
Felipe Massa, estou absolutamente espantado com o maior fenômeno
que já vi até hoje na categoria.
Adalto
Silva
"Quando
era pequeno, quis dar uma de Nelson Piquet correndo com
um nome inventado pelo meu tio. A pequena diferença é que
não fui tão longe quanto o Nelson... Acabei me tornando
um fanático por automobilismo, lendo, assistindo e me envolvendo
de todas as maneiras possíveis com este esporte. Hoje, sou
publicitário e junto com outros malucos tento fazer o melhor
site de automobilismo possível".
Adalto Silva
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