Crônicas-

Coluna do Borracha

O alarme tocou

Parece que esse dia nunca iria chegar. O maior celeiro de jogadores de futebol também era o maior formador de pilotos em todas as categorias do mundo, sejam em 2 ou 4 rodas, agora vive a agonia de não se ter um representante à altura para continuar a história.

Já faz tempo que no motociclismo não revelamos um talento, seja ele grande ou pequeno, paramos no Alex Barros e ficamos esperando o Eric Granado ter uma chance de chegar lá. É um absurdo um país que tem, somente em São Paulo, mais de um milhão de motos circulando diariamente nas ruas, não conseguir formar um piloto sequer para disputar campeonatos, mas o mais absurdo é não existirem esses campeonatos nacionais. Tirando algumas ligas independentes e competições que são feitas por empreendedores, entre eles o próprio Alex Barros, nada acontece. A CBM não existe como entidade e tem vivido nos últimos anos mais preocupada com suas brigas internas do que com os jovens que querem viver a aventura de serem pilotos, seja dentro ou fora do Brasil.

Pelo mesmo caminho vai o automobilismo. O desaparecimento quase que por completo de categorias de base esgotam as nossas chances de voltar a ser uma referencia mundial em categorias top. A CBA esta mais preocupada em homologar categorias turismo e deixar de lado o kart, vive-se um momento de se formar pilotos pagantes quando deveria se preocupar em ter piloto vencedor. Desde a morte do Ayrton Senna em 1994, se passaram 18 anos e tivemos apenas uma chance na Fórmula 1 de ter um campeão, foi em 2008 com o Massa. É muito pouco se lembrarmos que no período de 19 anos, 1972 a 1991, ganhamos 8 títulos mundiais. Já os brasileiros da Indy e Champ Car acumularam 4 conquistas de mundiais desde 2000, menos mal mas deveria ser muito melhor.

Entrei nesse assunto porque na semana passada a Mercedes resolveu dar o próximo passo e contratou o Hamilton, a McLaren deu o troco e levou o Perez e com isso começou o baile. Essas mudanças foram ruins tanto para Massa quanto pro Bruno, os melhores bancos já estão ficando com os melhores pagadores ou as promessas mais reais. O que era 99,99% de chance do Felipe continuar na Ferrari virou 50%, os outros 50% estão com o Hulkenberg e o DiResta, ambos da Force Índia que receberia no lugar de um deles o Valsechi, campeão da GP2 e aposta da Ferrari. Mas, e sempre tem um "mas", caso o Felipe consiga ir bem nas próximas corridas ele terá o privilegio de ser o companheiro de equipe do Alonso, porque aí sim, o contrato vai ser assinado. Já o Bruno, bem, ele é piloto pagante, continua se levar dinheiro. O mesmo vai acontecer com o Luiz Razia. Apesar de ter feito testes na equipe indiana, o baiano só garante vaga em qualquer outra se levar "dim-dim", caso contrário vai ter que se contentar em ser piloto de testes.

A que ponto chegamos... Antes, celeiro de grandes pilotos, hoje, fila de espera. Parece a saúde no Brasil: se você tem grana paga um plano de saúde e é atendido logo, agora se não tem, fica na fila do INSS. Acho que essa definição é a mais correta para o automobilismo e o motociclismo brasileiro, pagou entrou, não pode pagar, pega senha.

O GP do Japão pode começar a definir o campeonato desse ano da Fórmula 1 e os assentos para 2013, isso tudo com uma mistura de saudade dos tempos em que, quando chegava essa época tinha sempre algum brazuca brigando pelo titulo do ano. É triste ver que o tempo passou e quem deveria não aprendeu a maior de todas as lições: para se perpetuar passe tudo para a próxima geração, ela vai partir de onde você parou. Soou o alarme, o esporte à motor no Brasil está na UTI.

Beijos & queijos.

Crônicas

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