| Um 
                campeão dos rallyes Por Renato Bellote Gomes  A 
                cidade de Turim é um importante centro industrial italiano, além 
                de abrigar as sedes da rede de televisão RAI e da FIAT e o Museo 
                Nazionale del Cinema. Fiéis do mundo todo visitam a cidade para 
                reverenciar um dos maiores símbolos da religião católica: o Santo 
                Sudário.
 Para 
                os aficionados por automóveis, no entanto, o maior charme da capital 
                piemontesa é garantido pelo prédio da Carrozzeria Bertone, fundada 
                em 1912 e da qual saíram alguns dos maiores sonhos de consumo 
                sobre rodas. Os traços do estúdio já seduziram milhões de admiradores 
                no mundo todo. Foi 
                o que aconteceu no ano de 1970, no Salão de Turim, com a apresentação 
                de um projeto ousado e futurista, chamado de Stratos. O desenho 
                inusitado do jovem Marcello Gandini acabou por inspirar o desenvolvimento 
                de um modelo de "rua", com logotipo Lancia e muito estilo. O 
                formato definitivo do carro deixava transparecer toda a criatividade 
                de Gandini, com alguns retoques que o deixaram mais funcional. 
                Nesse ponto, a Lancia encontrou o bólido perfeito para substituir 
                o vitorioso Fulvia nos rallyes europeus. Curiosamente, a versão 
                de competição tomou forma antes da homologação oficial, que só 
                viria três anos mais tarde. O 
                motor original de quatro cilindros foi substituído por um vigoroso 
                propulsor V6, de 2,4 litros - o mesmo utilizado pela Ferrari Dino 
                - retrabalhado para despejar 270 cavalos de potência, com a ajuda 
                de três carburadores Weber. Uma rápida olhada no cockpit apertado 
                não deixa dúvidas: ele foi feito para resultados e não para o 
                lazer.  As 
                vitórias não tardaram a chegar e o esportivo fez bonito na neve, 
                areia e lama durante toda a década de 70. O Campeonato Mundial 
                de Rally foi vencido por três anos consecutivos a partir de 1974. 
                Targa Florio, Giro D'Italia e Rally de Monte Carlo confirmaram 
                seu desempenho admirável. Nenhum outro carro de corrida conseguia 
                superá-lo nos terrenos mais difíceis.
 A 
                empresa ainda tentou partir para a conquista do asfalto. Nesse 
                caso, o motor recebeu a adoção de um turbo que aumentava sua potência 
                para estratosféricos 560 cavalos. O estúdio Bertone, por sua vez, 
                criou uma carroceria mais aerodinâmica, com a inclusão de um chamativo 
                aerofólio. Apesar de todo o investimento, não obteve o sucesso 
                esperado. No 
                ano de 1977, o setor de competições da Lancia havia se juntado 
                à equipe FIAT, que acabou por substituir o Stratos pelo modelo 
                131 Abarth. O carro revolucionário ainda seria utilizado por pilotos 
                independentes até o início da década de 80, quando se aposentaria 
                das pistas. Foram 
                produzidos ao todo 492 exemplares do mito. Hoje em dia, ele pode 
                ser encontrado em alguns encontros, museus e coleções particulares. 
                Existem também algumas réplicas em circulação. Mas, para os fãs 
                do rally, ele sempre será lembrado pela agilidade, grandes faróis 
                de milha na dianteira e pelo urro do motor seis cilindros ecoando 
                pelas curvas rumo à vitória. |