Uma
noite no parque
Texto
e fotos: Renato Bellote Gomes
O
Parque das Bicicletas, localizado na zona sul de São Paulo, tem
uma área de 20 mil m², além de pista asfaltada de 3 km e um grande
espaço arborizado, para que os habitantes da "selva de pedra"
se sintam um pouco mais próximos da natureza.
Há
cerca de um mês, o local se tornou um ponto de encontro para os
amantes de máquinas velozes e raridades sobre rodas. O evento
"Antigos no Parque" ocorre todas as quintas-feiras e já conta
com a participação de dezenas de carros. Estive lá há duas semanas
e pude comprovar que o parque ficou pequeno para tantos clássicos.
O
relógio marcava pontualmente 19:00 hs quando cheguei ao evento.
"Hoje a noite promete", me contou animado o organizador
da festa, José Antônio Sangirardi. Com clima quente e temperatura
agradável, percebi que ele estava com a razão. O encontro tem
o apoio da Secretaria de Esportes, Lazer e Recreação, na figura
do secretário Heraldo Corrêa Ayrosa.
Dando
um giro por ali, vi o belo MP Lafer vermelho do companheiro de
FNVA (Fórum Nacional de Veículos Antigos) Romeu Nardini, diretor
do clube dedicado ao modelo. Próximo da escadaria, um Corvette
e um Cadillac da década de 70 transportavam o visitante para uma
época de gasolina barata e - muitas - polegadas cúbicas.
Mas
a noite estava só começando. Minutos depois, avistei um Maverick
com vários faróis auxiliares passando pelo portão. Não podia ser
outro senão o amigo Silvério Ortiz Jr. Ele me disse que, no feriado
da Independência, viajou 1200 km com o carro até o Rio de Janeiro,
sem apresentar um único defeito.
À
medida que as horas passavam, o número de clássicos aumentava.
Bel-Air, Chevrolet 1953, Galaxie e Landau, além de vários outros
automóveis nacionais. O recém-criado Puma Clube de São Paulo estava
presente - representado pelo presidente Felipe Nicoliello e alguns
membros da diretoria - e participou com alguns exemplares nota
dez.
Quem
gosta de carros italianos, também não ficou desapontado. Um Spider
1968 branco chamava a atenção. "Meu pai está com o carro há
12 anos", me disse Antônio Neto. "O carro foi adquirido
em uma troca com um Mercedes-Benz 280 S", finalizou. O interior
também merece elogios, com o aroma do estofamento que só os carros
da marca exalam. Ao seu lado, outro Alfa, desta vez um Giulia
GT 1965 Rosso, que deixaria muitos adversários comendo poeira.
O motivo está sob o capô: um motor V6 doado por um modelo 164.
"É um upgrade e não uma adaptação", brincou alguém por
ali. O proprietário Marcelo Belisse me contou que o carro foi
utilizado em várias corridas e que está na família há 41 anos.
Bravo!
Antes
de partir para os big blocks, encontrei um francês interessante.
O Renault 4 CV 1950 - apelidado, na época, de rabo-quente - merece
alguns comentários. Além do estilo garantido pelas linhas arredondadas
do pós-guerra, o colecionador Laerte Vida é o segundo dono e adquiriu
o clássico há 15 anos. Uma verdadeira jóia rara.
Uma
das réplicas presentes atraía vários curiosos. Fui ver o que era.
Se trata do Corvette 1958 construído por Donizete Costalonga,
que impressiona pela fidelidade ao modelo original. O Vette tem
suspensão independente e freio a disco nas quatro rodas, estas
de 18 polegadas. Para fechar o pacote, um motor 283 V8 com um
ronco embaralhado em marcha lenta. Música para os ouvidos.
E
por falar em V8, o evento tem muitos exemplares. Um dos que mais
me chamou a atenção foi o Mustang Mach 1 1969, modelo raro no
país e em excelente estado de conservação. Havia tanta gente por
ali que não consegui falar com o proprietário. O scoop se destaca
no capô, bem próximo do pequeno conta-giros.
Esse
espaço do parque, aliás, foi tomado pelos muscle cars. Além dos
modelos citados acima, ainda estavam estacionadas duas réplicas
do Cobra - uma delas construída pela Glaspac - e um Pontiac Firebird,
da Prestige Motors. Isso sem falar do Mercury Cougar, parado na
outra extremidade.
Um
pouco mais perto da saída, duas barracas bem montadas atendem
às necessidades de quem estiver com fome. Não provei nenhuma das
guloseimas, mas ouvi bons comentários a respeito. Fica a dica
para os visitantes.
Saí
do parque por volta das 22:00 hs. Apesar de o evento ter começado
às 18:00 hs, alguns veículos continuavam a chegar. Para quem gostou
da idéia e pretende levar o clássico na próxima edição, vale dizer
que a entrada é gratuita. Então, nos vemos por lá.
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