Óleo
do motor: o barato pode custar muito caro!
Reportagem
Lorena Nogaroli / Claudio Stringari
Central Press |
Motoristas economizam centavos em combustível
e lubrificante e acabam gastando muitas vezes a metade do valor
do carro para consertar o motor. |
As
oficinas nunca receberam tantos carros com motores fundidos. São
problemas dos mais diversos tipos. Em todos, uma causa comum:
o óleo virou uma graxa incapaz de lubrificar o motor, causando
o travamento. Enfim, todos os motores estourados por falta de
lubrificação. E o conserto pode chegar a custar a metade do valor
do carro.
O
problema principal é que os proprietários de veículos tentam economizar
até no lubrificante e acabam deixando o carro com mais de 15 mil
km sem troca ou substituem o óleo de forma incorreta. "Se passar
do prazo de troca estipulado pela montadora, o óleo fica cada
vez mais oxidado e começa a engrossar, com o acúmulo de partículas
metálicas provenientes do desgaste interno de anéis, pistões,
camisas, bronzinas, etc.", explicou João Maria Alves Ferreira
que foi gerente de pós-venda de concessionária Mercedes-Benz.
O
que muitos motoristas ainda não sabem é que a troca de óleo não
é tão simples quanto se imagina. Ao completar o nível do lubrificante,
deve-se considerar a marca, tipo e viscosidade. Ao adicionar óleo
com aditivos diferentes do que já está no motor, ele se deteriora
imediatamente. Misturar lubrificante sintético com mineral é ainda
mais prejudicial para o motor. "Para mudar de marca ou tipo
de óleo, é necessário esgotar todo o óleo velho, substituir o
filtro e depois colocar o novo lubrificante", completou Ferreira.
Geralmente,
em postos de gasolina, os frentistas não perguntam qual a marca
e tipo do óleo que já existe no carro. Eles medem o nível e, se
estiver baixo, completam com o óleo que possuem no estoque. É
por isso que as montadoras aconselham os proprietários de veículos
a trocar ou completar o óleo em concessionária autorizada: "para
cada marca de carro recomenda-se um tipo de óleo. O tempo de troca
também varia de modelo para modelo. Óleos especiais, como os utilizados
pela Mercedes-Benz, geralmente só são encontrados nas concessionárias.
Além disso, muitos frentistas costumam adicionar óleo no motor
sem haver necessidade, ocorrendo um desperdício do lubrificante,
que é expelido pelo escapamento".
Os
óleos usados pelas concessionárias precisam ser trocados
a cada 15 mil km. Como o motor exige 7 litros de lubrificante,
o motorista pode se assustar em ter que gastar um valor mais significativo
numa troca de óleo e acaba recorrendo a óleos de menor resistência,
que podem ser encontrados em supermercados ou postos de combustível.
Se o motorista aceitar trocar o lubrificante a cada 3 mil km rodados,
esta atitude não é prejudicial.
Acredita-se
que o motivo principal dos problemas de contaminação do óleo,
desgaste de peças e travamento dos motores é a falta de qualidade
dos combustíveis. "Como se não bastasse a gasolina trazer álcool
como aditivo numa proporção crescente nos últimos anos, alguns
postos de gasolina estão acrescentando outras substâncias, como
água e solventes para baratear o preço do derivado de petróleo
- o que tem levado muitos carros guinchados às oficinas".
As
substâncias adicionadas à gasolina fazem com que o combustível
não queime corretamente e acabe se misturando com o óleo no motor,
tirando o poder de lubrificação do produto. Além disso, em carros
mais antigos (cujas peças não foram preparadas para resistir ao
álcool e outras substâncias adicionadas a gasolina), ocorre a
corrosão de componentes do motor. Já nos modelos atuais, a agressão
do álcool é bem menor, pois eles estão sendo fabricados para resistir
ao "coquetel oficial".
Porém,
o que causa mais danos ao motor é a relação incorreta de ar e
combustível. Como o combustível vegetal possui menos energia que
a gasolina, o motor a álcool precisa de menos ar e mais combustível
para trabalhar. Com uma grande proporção de álcool, o motor a
gasolina trabalha pobre, ou seja, sobra ar e falta combustível.
Essa
mistura provoca superaquecimento nas partes altas do motor - uma
temperatura elevada que dificilmente passa para o óleo ou a água
do sistema de refrigeração - fundindo em pouca quilometragem os
pistões, anéis e válvulas e estourando o motor. Em muitos veículos
importados - como é o caso dos modelos da Mercedes-Benz - a tecnologia
faz o painel avisar que o carro tem que ir para a oficina, antes
que se agrave a situação. Já em modelos nacionais, o processo
ocorre imperceptivelmente, até que o carro não saia mais do lugar.
Borra de óleo
A SAE Brasil define a borra de óleo como sendo uma espécie de nata preta formada dentro do motor e que pode entupir os dutos por onde circula o lubrificante. No início ela gera perda de rendimento, por causa da maior dificuldade de as peças se movimentarem. Em casos extremos, pode até causar a quebra do propulsor.
Há situações que favorecem seu surgimento, como utilizar o óleo por período maior do que o indicado no manual do veículo ou fora da especificação. Motores de carros que ficam muito tempo sem uso ou rodam sempre em pequenos percursos e não atingem a temperatura ideal de funcionamento estão mais propensos ao problema.
Para
preservar o motor:
- Troque
o óleo e o filtro no intervalo recomendado pelo fabricante
do veículo;
- Se
for necessário completar o nível do lubrificante, use a mesma
marca, tipo e viscosidade do que já está no motor;
- Não
misture lubrificantes diferentes quando completar o nível,
nem aditivos extras (devem ser colocados junto com o óleo
novo) e nunca adicione óleo mineral ao sintético (ou vice-versa);
- Se
o motor consome muito óleo, faça logo sua retífica;
- Observe
a vareta do óleo (sentindo a viscosidade com os dedos) ou
retire a tampa de óleo: a "pasta" também se aloja ali;
- Em
caso de dúvida, troque o óleo. Fica bem mais barato que reformar
o motor;
- Desconfie
do combustível muito barato. Abasteça seu carro em postos
com combustível de qualidade comprovada;
- Veículos
que rodam pouco devem trocar o óleo pelo menos uma vez por
ano.
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