Roteiros e viagens

Chuí: o Novo Milênio no Extremo Sul do Brasil


A MOTOR ON LINE foi ao Chuí, o extremo sul do Brasil, divisa com o Uruguai. No caminho, muitas aves, capivaras e até uma tartaruga a qual ajudamos a terminar de atravessar a estrada.

Saímos de Curitiba (PR) às 15:00 hs de sexta-feira, 29/12/00, rumo ao sul pela BR-116. Enfrentamos chuva intensa e muitos buracos entre as localidades de Santa Cecília (SC) e São Cristóvão do Sul (SC), antes de chegar em Lages (SC). Apesar da estrada estar relativamente vazia, também pudemos presenciar situações de arrepiar pela imprudência e impaciência de alguns motoristas.

Buracos na BR-116Ultrapassagem perigosaVersão em espanhol

Na manhã seguinte (30/12/00) decidimos descer a Serra do Rastro, entre São Joaquim (SC) e Lauro Müller (SC). A região é lindíssima com muitas araucárias, o pinheiro símbolo paranaense, que infelizmente está cada vez mais raro no Paraná (veja o roteiro "serras catarinenses" em breve). Pegamos a BR-101 perto de Criciúma (SC) e seguimos até Osório (RS). Entre Torres (RS) e a cidade Rio Grande (RS) a BR-101 tem um trecho de terra em situações precárias chamado "Estrada do Inferno", excelente para testar um veículo 4x4. Como nosso veículo era um Renault Scénic, achamos prudente não fazer esse percurso sem saber se seria necessário um veículo 4x4. Seguimos pela BR-290, uma "freeway" excelente, com 3 pistas em cada sentido, onde pagamos nosso primeiro pedágio da viagem. No caminho muitas placas de trânsito em espanhol. Na foto acima, "Está em duda? No se adelante" é a versão em espanhol para "Na dúvida não ultrapasse". Outro detalhe é que apesar das 3 pistas largas e das muitas retas longas, a velocidade limite é de 100 km/h na BR-290. Também não existem retornos, por isso atenção para não errar as entradas, caso contrário você terá que percorrer de volta quase 20 km e pagar novo pedágio.

Quiosque SOS na BR-290BR-290BR 290: sem retorno

Pelotas (RS)Novamente pegamos a BR-116 em direção à Pelotas (RS), agora também pedagiada. Já eram quase 21:00 hs e estava começando a escurecer (por causa da latitude e do horário de verão) quando chegamos em Pelotas, nosso ponto de partida para o Chuí. No posto da polícia rodoviária, na entrada da cidade, tinha um trailer de informações turísticas onde ganhamos uma série de folders, programação cultural e folclórica e até uma fita de vídeo sobre a região e o Rio Grande do Sul. O pessoal foi muito atencioso e nos deram todas as dicas para a nossa jornada do dia seguinte. Ficamos hospedados no hotel Palace Curi, com acomodações simples mas muito boas.

Tomamos café, abastecemos o carro e partimos de Pelotas às 08:10 hs do dia 31/12/00, o último dia do século XX. Seriam 267 Km até o nosso objetivo, o Chuí, o ponto extremo do sul do Brasil. A emoção era grande, não só pela beleza da estrada mas por iniciar um novo milênio de uma forma muito diferente, no limite (do Brasil, claro)!

Todos comentam das retas sem fim do Mato Grosso, mas a BR-471 entre Pelotas e o Chuí as supera de longe: dá para colocar um "tijolo" no acelerador e amarrar o volante com barbante que o carro chega lá. Para variar, apesar das retas imensas, o limite de velocidade era de 80 km/h.

Já tínhamos percorrido mais de 50 km quando avistamos um pontinho escuro no asfalto, ao longe. Continuando por aquela reta sem fim, fomos nos aproximando e notamos que o pontinho se mexia lentamente. Então começamos a diminuir a velocidade e a nos aproximar mais devagar, até ver que era uma tartaruga atravessando a estrada. Ela não se assustou com o carro, nem mesmo quando paramos perto dela no acostamento, mas bastou eu colocar o pé no chão que ela se recolheu toda dentro do casco. Ajudamos ela a atravessar a estrada, deixando-a na vegetação ao lado do ribeirão para onde ela estava se dirigindo. Infelizmente ela era meio encabulada e não quis posar para a foto.

Reta para o ChuíTartarugaReserva Ecológica do Taim

Depois de percorrer aproximadamente 93 km chegamos à Reserva Ecológica do Taim. Na entrada paramos para fotografar uma grande família de capivaras. O lugar é fantástico e também tem uma grande quantidade de pássaros. O azul intenso das águas também impressiona.

Capivaras no TaimNão sei se nos distraímos vendo as capivaras, mas não lembramos de ter visto alguma placa informando o limite de velocidade na reserva ecológica e quando percebemos estávamos em cima de uma placa de 60 km/h e ao lado desta, um "radar fotográfico". Por isso recomendamos atenção, pois a sinalização só está presente na entrada da reserva e ao lado do "radar". Na reserva também há muitos "mata-burros", dispositivo que forma um tipo de grelha no chão e que dificulta a fuga de animais e obriga os carros a passarem bem devagar.

AduanaNa entrada da cidade do Chuí, pelo lado brasileiro fica a aduana do Brasil onde declaramos nosso equipamento fotográfico: câmera, lentes e uma câmera digital. No Chuí tem vários "freeshops" onde é possível encontrar uma grande variedade de eletrônicos, artigos de pesca, cosméticos, etc.

A cidade é pequena, mas bem organizada e limpa. Na cidade, a rua principal é a divisa entre o Uruguai e o Brasil. Nela ficam as principais lojas e até o cassino. O farol da Barra do Chuí é o ponto extremo sul do Brasil. A praia lá é ótima, vale a pena conferir.

Rua da divisaLuz baixa obrigatória durante  o dia

Extremo sul do BrasilNos sentimos gratificados por estar ali, com a brisa do mar no ponto extremo do Brasil no último dia do século XX, esperando o início do novo século. É claro que não poderia faltar o champagne!

O retorno da nossa jornada teve como destino inicial a Praia do Cassino (RS). Para quem imaginava uma praia parecida com o Chuí, encontramos o maior "agito". Muita gente andando no calçadão de forma descontraída e um trânsito grande de veículos. De lá seguimos para Pelotas.

Às 07:30 hs da manhã do outro dia saímos de Pelotas com destino de volta às serras catarinenses, mas no caminho resolvemos conhecer a Praia do Morro dos Conventos (SC). De cima do Morro do Farol a vista da praia com suas dunas é fantástica. Ficamos hospedados no hotel Morro dos Conventos, perto do farol e que tem o previlégio da mesma vista. Na diária já estão incluídas todas as refeições. Curtimos por mais um dia aquele lugar fantástico.

A última etapa da viagem foi um "zig-zag" maluco, mas não menos interessante. Partimos após o almoço para Lages para tentar fotografar a Serra do Rastro, pois na ida pegamos o tempo fechado e não se viu nada além da neblina. Depois de fotografar com sucesso e abastecer em Lages seguimos para Blumenau pela BR-470, pois já era noite e achamos melhor não enfrentar as crateras da BR-116, apesar do ônus de aumentar em muito a distância. Já passava 30 minutos da meia-noite quando pegamos a BR-101 com destino à Curitiba. Terminamos nossa jornada de madrugada, às 02:00 hs, cansados mas muito satisfeitos.

Fotos

Roteiro de viagem

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