Off
Road Adventure Team conta como é a aventura de participar
Fotos: Luciano Dellarole / Guilherme Dellarole |
Luciano
realizou o sonho de participar do Transparaná e lembra
que aprendeu a dirigir na lama, em região de terra-roxa
como é a do solo do Paraná.
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A
dupla do Off Road Adventure Team formada por pai e filho, Luciano
Dellarole / Guilherme Dellarole, participou do 10º Transparaná
na categoria Adventure com um jipe Daihatsu Feroza, representando
a Caçula de Pneus (www.caculadepneus.com.br),
e descreve como foi a aventura de participar do maior raid do
Brasil.
Luciano
Dellarole, 46 anos, com mais de 30 anos de vivência no mundo automotivo,
foi 5º colocado no Rally Internacional dos Sertões em 1995;
vice-campeão paulista de rally de regularidade em 1996 em dupla
com a esposa Rosa Maria; 4º colocado no 1º Classic Endurance
(Interlagos) em 1996; vice-campeão da categoria Turismo no Mitsubishi
Motors Day 97 (Interlagos) e vice-campeão do IV Rally Hyundai
Regularidade em 1997. Com 42 participações em provas oficiais
de Kart (1972 a 1975) e 4 em provas do Campeonato Brasileiro da
Divisão 3 em 1980, acumula vasto e variado conhecimento, tendo
realizado cerca de 100 avaliações de veículos como jornalista
especializado. No período 1992 a 1997 editou "Motores em
Ação", informativo automotivo de distribuição gratuíta.
Guilherme
Dellarole, 19 anos, cursando Engenharia de Controle e Automação
(Mecatrônica) no Instituto Mauá de Tecnologia, herdou a paixão
pelo carros.
Diário
de bordo
O
roteiro foi percorrido em 5 dias, de segunda a sexta-feira. O
final de semana anterior (24 e 25) foi reservado à vistoria técnica
após a entrega dos materiais, com os 4x4 já adesivados e ao mini
raid, no qual estava prevista a não participação.da Adventure,
categoria que escolhemos.
Primeiro
dia: Guaíra - Nova Olímpia - Paranavaí
A
primeira etapa revelou o bom navegador que é o Guilherme. Com
uma calma admirável, comeu barriga apenas uma vez navegando o
trecho mais longo da prova, e logo no início, ou seja antes de
pegar o jeito e o ritmo. Impressionante, foi ele não tomar uma
gota d’água em todo o percurso que durou 7 horas e 15 minutos
e sob a mais alta temperatura. Quando eu oferecia água a resposta:
"Sou guerrilha", como se estivesse em treinamento para
ser um guerrilheiro... Essa primeira etapa, que foi a mais puxada
entre as quatro primeiras já deu mostras do que seria a prova:
dois Samurai e um Defender 90 alijados (diferencial traseiro).
Um Engesa teve o cárter perfurado pelo diferencial dianteiro devido
ao encolhimento da suspensão até o final de seu curso (que longo
é ideal para transpor erosões, mas nas "trocentas" curvas
de nível do caminho se mostrou inadequada). O reparo foi feito
pelo próprio piloto usando a velha conhecida massa Durepoxi! Ao
final do dia, soubemos que um Pajero fundira seu motor 3.5 e outro
tivera a suspensão traseira quebrada. Um Vitara em manutenção
diante do hotel em Paranavaí teve os quatro amortecedores trocados
pois estavam "detonados" segundo os mecânicos! Primeiro
dia... O Pajero teve o motor trocado pelo de outro da equipe,
que acompanhava a prova. Estrutura ou sorte? Um Troller tombou
e o piloto teve fratura no punho esquerdo, embarcando em avião
em Paranavaí de volta para casa na manhã do dia 26 para cirurgia
e implantação de placa de platina. O jantar oficial foi na Sociedade
Rural de Paranavaí.
Segundo
dia: Paranavaí - Jaguapitã - Cornélio Procópio
A
Organização determinou que a Adventure andasse em comboio, sistema
previsto, em função de um participante da categoria ter se aproximado
dos competidores no primeiro dia, confundindo raid com rally.
Um Troller de Santa Catarina retornando contra o sentido do roteiro
bateu de frente contra um jipe e o piloto quebrou o metacarpo
da mão, conforme nos informou o médico oficial da prova Dr. Joaquim
da Conceição Oliveira, de Castro. O piloto ferido estava acompanhado
do filho de 12 anos. Faltando 25 km para chegar a Cornélio Procópio,
o Troller responsável por guiar a Adventure teve o pneu dianteiro
direito furado em trecho de asfalto.Troca rápida. Logo em seguida
o motor Continental do Willys "fumou" uma baforada mais
densa devido ao platinado colado. Sentiu o "train" da
jornada e foi puxado pelo Toll Bar para um justo e merecido descanso
até o dia seguinte. E foi até o final, como eu opinara desde o
início. O jantar oficial foi no Centro de Eventos de Cornélio
Procópio.
Terceiro
dia: Cornélio Procópio - Ibaiti - Castro
O
Willys de numeral 101 da categoria Jeep tombou duas vezes. A Bandeirante
de numeral 69 da Adventure teve a cruzeta traseira quebrada, danificando
a tubulação de combustível. O Vitara da Adventure perdeu uma mola
da suspensão traseira e os cariocas tiveram a sorte de encontrá-la.
Passar pelo Canyon Guartelá (foto), o maior do Brasil e sexto
maior do mundo foi emocionante e a paisagem recompensa a quem
chega até lá. O jantar oficial foi na Associação Cultural e Esportiva
de Castro (Clube dos Japoneses).
Quarto
dia: Castro - Bateias - Curitiba
Encontramos
o Pajero TR 4 dos paranaenses Roque Veviurka e Alberto Minski
Jr. com problemas no diferencial traseiro. O Mário ficou
dando uma força junto com o pessoal de Curitiba (com um Bandeirante
e um Defender 110). Era o dia dos atoleiros e o Feroza encostou
"a barriga" no facão central e foi puxado duas vezes
pelo guincho da Rural de apoio da Organização. No segundo, acabou
passando por conta própria, sem dó nem piedade. Faltou o navegador
ler "não vacile", que no briefing o diretor de prova
avisara: "Acelere prá valer". Já estava pensando
que o dia seria lembrado como "Feroza Day", quando o
Vitara sem tração na dianteira (pifou) deu trabalho por uma hora
para chegar ao topo de uma subida enlameada, com auxílio do próprio
guincho e também do guincho da Rural, que precisou manobrar, dando
show de escorregadas e encostadas nos barrancos. No final muitas
mãos deram o empurrãozinho. O Bandeirante do Mario, que foi o
"anjo da guarda" da Adventure no segundo dia, teve problema
na transmissão, ficando sem a primeira e a segunda marchas. O
Troller de numeral 10 ficou com o sistema de tração travado na
reduzida. E o da dupla Fross (pai e filho), de Toledo precisou
fazer a embreagem. A L 200 de numeral 53 moeu a ponta de eixo
dianteira direita. O que me impressionou foi que o socorro estava
sendo feito pelo pai do piloto, Sr. Roberto Bardelli, mecânico
em Curitiba. O Élcio teve sorte de quebrar perto de casa.
O jantar oficial foi na sede do Jeep Clube de Curitiba.
Quinto
dia (final): Curitiba - São José dos Pinhais - Garuva(SC) - Guaratuba
Muita
reduzida para não fritar freio e embreagem. Na saída de uma curva
encontramos alguns participantes à beira do caminho e o Willys
de numeral 66 capotado sobre uma árvore, já no início de uma ribanceira
de várias dezenas de metros! Nenhum ferimento na dupla que teve
o humor de produzir uma plaquinha com a inscrição Jeep e a seta
apontando para o precipício. "Muita gente passou e nem
viu a nossa obra". Em Guaratuba pudemos conferir um único
amassado no robusto! A picape Hilux do COE (Corpo de Operações
Especiais da Polícia de Choque da Polícia Militar do Estado do
Paraná) tombou, também sem feridos. O Defender dos brasilienses
foi abastecido com gasolina em Curitiba e precisou ir à oficina
para retirar e esgotar e depois recolocar o tanque. Perderam o
roteiro das duas últimas etapas, mas não o dia. Por sorte eu conhecia
a região e sugeri que descessem pela Estrada da Graciosa, passando
por Morretes, Matinhos e Caiobá, almoçassem um Barreado - prato
típico do litoral paranaense, fazendo a travessia de balsa para
Guaratuba. Aceitaram e curtiram a beleza da Serra da Graciosa.
Participar
é um desafio... Chegar é uma vitória!
Esse
é ótimo slogan por definir muito bem as dificuldades do maior
Raid das Américas. Confesso que apesar da total confiança no Feroza
(nenhuma peça de reposição), e de tratar o equipamento da maneira
correta, foi um alívio chegar ao trecho final já no litoral com
todos os sistemas funcionando: 4x2, 4x4, 4x4 reduzida, as 5 marchas
mais a ré e a embreagem. É um tratorzinho, motivo pelo qual o
elegi para o meu trabalho. A preocupação e cuidado com os pneus
ST deu resultado: Nenhum furo ou corte, e o que não faltou foi
pedra no nosso caminho. Dos quatro atoleiros, só em um não foi
possível passar por meios próprios. Era o ponto onde a Organização
avisara desde o briefing em Guaira (no dia 24) que haveria apoio
com guinchos, para todos os competidores. Para quem participou
pelo "espírito de aventura", slogan do Off Road Adventure
Team desde a sua criação em 1999, nada mal. As 1100 gramas a menos
em 5 dias retrata a realidade da maior exigência de pilotagem
em relação ao Sertões 95 em que perdi 1400 gramas em 10 dias.
Para uma eventual participação competitiva a receita já está anotada.
Basta prepará-la e experimentá-la. O meu navegador foi quem falou
em "próximo ano" na quinta-feira durante a 7ª das
9 etapas percorridas pela Adventure. Parece que o vírus contido
na poeira vermelha do Paraná o contaminou! No almoço de confraternização
e premiação, o grupo da Adventure reunido numa só mesa foi a comprovação
prática da integração: Odyr e sua filha Karine, João Octávio,
Floriano, Plínio, Cícero, João, Mauro, Felippe, Ângelo, Paxão
(mecânico do Jipe 52 e motorista do caminhão Mercedes 4x4 ano
74 durante o roteiro), o Guilherme e eu. O Odyr que já foi 2º
colocado no Transparaná já está pensando em disputar a prova em
2005 com a filha de 16 anos como navegadora. O encerramento foi
em Praia de Leste, no Clube Santa Mônica.
Opinião
do Off Road Adventure Team
Uma
característica que me agradou pela segurança que representa é
o roteiro ser cumprido à luz do dia. Nisso a Organização não deveria
mexer. A pontualidade da programação ao longo dos oito dias de
duração do evento foi outro importante ponto a favor. A sensação
de conhecer o pessoal das equipes de foto / filmagem, do apoio,
dos PC's e todo o staff do Jeep Clube de Curitiba foi agradável.
A competência e cordialidade de todos devido à experiência e por
estarem fazendo o que mais gostam a nível esportivo é que faz
com que o participante se sinta em casa, entre amigos.
A
companhia do COE - Corpo de Operações Especiais da Polícia de
Choque da Polícia Militar do Estado do Paraná durante todo o roteiro
transmite confiança, demonstrando o nível de seriedade do maior
raid das Américas.
A
cronometragem e apuração ficou a cargo da Totem.
Fica
a sugestão para ser estudada: a criação das categorias Dupla Mista
e Dupla Feminina. E, também voltar a contar pontos para a Adventure
como ocorreu em 2003, ainda que seja de forma diferenciada em
relação ás outras categorias. Pode ser um estímulo à maior participação.
Os troféus de participação vão ser guardados com carinho.
Outras
seis duplas pai e filho: Abrelino Fross / Juliano - Toledo (PR)
com Troller; Ricardo Vivolo / Marcelo Vivolo (dupla vice-campeã
da Copa Mitsubishi 2003) - Campinas (SP) com Pajero TR4; Jean
Carlo / Cristiane - Campinas (SP) com L200; Gilmar / Gislaine
- Curitiba (PR) com Javali; João Paul / Pedro Paul - Curitiba
(PR) com Defender 110.
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