Expedição
Transamazônica
Planejamento
e organização da expedição
Todos
se empenharam em descobrir tudo sobre a região e acabamos por
saber que mesmo na Internet as informações são
vagas e sem conteúdo. Procuramos então relatos de pessoas que
por ventura teriam feito os trechos que nos propusemos a enfrentar.
Foi uma surpresa: há mais de dez anos que ninguém
passava de carro por lá. A maioria dos aventureiros que
diziam ter percorrido a Transamazônica haviam feito o
trecho entre Marabá a Itaituba, passando por Santarém, ou embarcado
nas várias balsas da região sempre evitando o trecho mais pesado
entre Itaituba, no Pará, e Humaitá, no Amazonas. O trecho de
Itaituba a Humaitá já tinha ganho fama de intransponível
com veículos de 4 rodas. Percebemos então que haviam
muitos pescadores e caçadores contando suas estórias em livros
e revistas.
Não
nos intimidamos, decidimos que com informação ou não a expedição
não deveria parar. Todos nós já havíamos tido algumas experiências
no norte do Brasil, portanto não era uma região totalmente desconhecida.
O Leônidas Jr. por algum tempo foi garimpeiro, o Fontana sofreu
muito na boléia do seu caminhão, eu (o Iguaçú) já havia participado
de expedições por lugares distantes no norte do Brasil. Sabíamos
que o carro ideal seria o rústico Toyota Bandeirante pela fácil
manutenção, robustez e também por já estarmos acostumados, afinal
todos os membros da expedição têm, já
tiveram ou já pilotaram este jipe em situações
off-road. O Eleomar, entretanto, escolheu o seu super Troller
totalmente modificado e preparado pelo Isack, seu parceiro.
Decidimos que seriam apenas 3 carros pois se cada um fosse
com o seu seria demais, e assim formamos duplas: Leônidas
Jr. / Fontana (Toyota), Maurício Brick / Iguaçu
(Toyota), Eleomar / Isack (Troller).
Cada
dupla adaptaria o seu veículo respeitando alguns critérios.
A bagagem de uso comum como cordas, cabo de aço, motoserras,
ferramentas em geral, seriam divididos entre os veículos
para não sobrecarregar um só.
Eu
e o Brick somos vizinhos de portão e todos os dias pegávamos
firme na preparação do Toyota que foi equipado
com motor MB-364 (709) e eixo traseiro flutuante. Tinha também
uma buzina de ar de fazer inveja a qualquer FNM, com um compressor
de ar instalado pelo Brick. Foi pesado mas compensou! Nosso
jipe foi o primeiro a ficar pronto.
No
Troller "Mad Max" do Eleomar e Isack faltava tudo: a correria
era grande e as adaptações foram diversas. Foi instalado o primeiro
guincho hidráulico Ekron feito especialmente para o jipe Troller,
façanha conseguida graças a habilidade do Sr. Leo Ferrarini,
pai do Júnior. Era mais um obstáculo vencido! O carro ficou lindo
talvez o mais bem equipado do Brasil.
Agora
o que mais nos preocupava era o Toyota 86 do Leônidas Jr. que
estava todo desmontado vindo de uma reforma desde fevereiro.
"Casa de ferreiro, espeto de pau". Foi a que mais
demorou. Achamos nós, que não fosse o compromisso com a expedição
e a pegação no pé, depois de 3 anos ele acabaria a reforma. Imagine
a 5 dias da partida o Sr. Leo empenhava-se na parte elétrica,
o Leandro irmão nos guinchos, que eram dois, um na frente e
outro adaptado atrás, que no decorrer da expedição foi de grande
valia. O outro irmão Luís concentrava-se no acabamento
interno, radio, ventilador e GPS. A fábrica Ekron quase parou.
Fora o pai e os irmãos, foram deslocados alguns funcionários
para finalizar a reforma. "Se algum guincho foi entregue
com atraso nesta época, já sabem o por quê", disse
Leônias Jr.. Pessoas e clientes da Ekron, que observavam
de longe imaginavam que estávamos partindo para uma guerra,
pelo tanto de coisas que carregávamos, porém, na hora
de colocar nos jipes ficaram tão bem acomodadas que nem parecia
tanto.
O
nosso carro levava dentro de uma caixa de madeira, ferramentas,
peças de reposição, mais de 100 m de cabo de aço, câmaras de
caminhão para fazer as balsas, várias cintas de catracas e nossas
bagagens pessoais. Na trazeira do jipe foi instalado um suporte
que supostamente suportaria 2 estepes tipo "Frontiera".
O Toyota do Ferrarini e Fontana levava toda comida de emergência
que seria usada em último caso e em cima do bagageiro mais de
200 metros de cabo de aço e algumas coisas a prova de água. Quando
chovia também levava as minhas malas e as do Brik para não molhar.
O Eliomar e o Isaak estavam bem acomodados e com todo conforto
de ar condicionado, bancos reclináveis e um equipamento de som
de dar inveja. Também levavam os kits de primeiros socorros,
ferramentas, motosserra e combustível. Todos equipados com rádios
PX e PY, GPS e celulares.
Os
pneus para lama e off-road que sofrem maior desgaste no asfalto
haviam sido despachados por transportadora até Tangará
da Serra, interior do Mato Grosso, onde os jipes da expedição
trocariam de pneus após terem rodado aproximadamente
2 mil km de asfalto.
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